Segundo o doutor Gustavo Khattar de Godoy, a poluição atmosférica é composta por uma mistura de partículas sólidas e gases nocivos presentes no ar que respiramos, resultado principalmente da queima de combustíveis fósseis, emissões industriais, atividades agrícolas e até processos naturais, como incêndios florestais. Os principais poluentes incluem material particulado (PM2.5 e PM10), dióxido de nitrogênio (NO₂), dióxido de enxofre (SO₂), ozônio troposférico (O₃) e monóxido de carbono (CO).
Embora muitas vezes invisíveis, essas substâncias penetram profundamente no sistema respiratório humano, desencadeando inflamações, prejudicando a oxigenação dos tecidos e alterando funções vitais. Por ser silenciosa e persistente, a poluição do ar representa hoje uma das principais ameaças ambientais à saúde pública global.
Como a exposição à poluição afeta o sistema respiratório?
O sistema respiratório é o primeiro e mais diretamente afetado pela inalação de poluentes atmosféricos, explica o médico Gustavo Khattar de Godoy. Partículas finas como o PM2.5 são capazes de penetrar profundamente nos pulmões, ultrapassando as barreiras naturais do organismo. Isso pode agravar doenças respiratórias crônicas como asma, bronquite crônica e doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC), além de aumentar a incidência de infecções pulmonares, especialmente em crianças, idosos e pessoas imunocomprometidas.

Estudos demonstram que mesmo exposições de curto prazo a altos níveis de poluição podem desencadear crises asmáticas, reduzir a função pulmonar e provocar internações emergenciais. A longo prazo, essa exposição constante compromete a elasticidade pulmonar e pode acelerar a deterioração do tecido pulmonar, aumentando o risco de câncer de pulmão.
Quais são os efeitos da poluição atmosférica sobre o sistema cardiovascular?
Além dos impactos no sistema respiratório, o Dr. Gustavo Khattar de Godoy pontua que a poluição atmosférica também tem efeitos alarmantes sobre o sistema cardiovascular. Partículas ultrafinas e gases tóxicos podem alcançar a corrente sanguínea após a inalação, promovendo inflamações sistêmicas e estresse oxidativo.
Esses mecanismos favorecem o surgimento de doenças como hipertensão arterial, arritmias, infartos do miocárdio e acidentes vasculares cerebrais (AVCs). A poluição também pode contribuir para o acúmulo de placas de gordura nas artérias (aterosclerose), aumentando significativamente o risco de eventos cardiovasculares fatais. Inclusive, pesquisas recentes apontam que a poluição do ar é um dos principais fatores de risco modificáveis para doenças cardíacas, muitas vezes superando dietas ruins ou o sedentarismo.
Quais são os grupos mais vulneráveis aos impactos da poluição do ar?
Embora a poluição atmosférica afete toda a população, existem grupos particularmente vulneráveis cujos organismos são menos capazes de se defender ou se recuperar da exposição prolongada. Crianças, por exemplo, respiram mais rapidamente e têm pulmões ainda em desenvolvimento, o que as torna mais suscetíveis a danos respiratórios permanentes. Idosos, por sua vez, muitas vezes já convivem com comorbidades, tornando-os mais frágeis a agressões ambientais.
De acordo com o Dr. Gustavo Khattar de Godoy, pessoas com doenças crônicas preexistentes, gestantes, trabalhadores expostos ao ar livre e moradores de áreas urbanas densamente poluídas também fazem parte do grupo de risco. A desigualdade socioeconômica agrava ainda mais esse quadro, pois populações vulneráveis geralmente têm menos acesso a cuidados de saúde e vivem em regiões com pior qualidade do ar.
Como podemos agir individualmente para enfrentar esse problema de saúde pública?
Por fim, para o médico Gustavo Khattar de Godoy, embora a solução definitiva dependa de ações coletivas e estruturais, cada pessoa pode contribuir para a redução da poluição do ar e proteger sua própria saúde. Optar por meios de transporte sustentáveis, reduzir o consumo de combustíveis fósseis, evitar queimadas domésticas e cobrar políticas públicas eficazes são formas de participação ativa. Respirar ar limpo é um direito de todos, e garantir esse direito exige o engajamento coletivo.
Autor: Arkady Prokhorov